28 dezembro 2006

VOTO EXPRESSO PELO BE NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL RELATIVAMENTE À QUESTÃO DA TAXA MUNICIPAL DOS DIREITOS DE PASSAGEM


A taxa municipal dos direitos de passagem é uma possibilidade que a lei confere aos municípios para aumentar a sua receita.

No entanto, a lei tal como está redigida e como tem sido aplicada não permite fazer justiça social que estaria na intenção do legislador. Ou seja: se é justo que as empresas de telecomunicações paguem pela utilização do domínio público, é uma injustiça profunda permitir que essa taxa seja cobrada pelos utentes dos serviços destas empresas.

Neste quadro, em casos em que a respectiva actividade municipal tenha uma dinâmica importante de criação estrutural de riqueza e de qualidade de vida, pode justificar-se que as autarquias apliquem esta taxa, mas sempre de forma equilibrada e nunca pelo máximo valor permitido pela lei.

Em Valongo a situação é distante da que colocamos nesta hipótese. Temos um poder local parado, que apresenta orçamentos que são essencialmente para pagamentos de despesa correntes. Neste sentido, o Bloco de Esquerda entende que não se justifica a aplicação de qualquer taxa, muito menos da taxa máxima preconizada pela Direita no poder. Até porque vivemos num concelho em que a pobreza e a exclusão social estão em cada esquina, um concelho com uma taxa de desemprego muito preocupante , que ronda os 13%, o dobro da média nacional.
ORÇAMENTO E AS GRANDES OPÇÕES DO PLANO

No passado dia 15 de Dezembro discutiu-se na Assembleia Municipal o Orçamento e grandes Opções de Plano, tendo o BE apresentado o seu voto contra com os seguintes fundamentos:

"A análise atenta do Orçamento e das grandes opções do plano obrigam-nos a uma constatação imediata: ao contrario que a direita no poder há 13 anos pretende, não se trata de documento apenas técnico. Pelo contrario, é o mais político dos momentos da vida autárquica concelhia, porque é aqui que se revela a linha de rumo que a maioria no executivo tem para este concelho.


O documento mostra-nos que este executivo pretende continuar a fazer mais do mesmo. E mais do mesmo é não ter uma estratégia consolidada para Valongo. Olha-se para este orçamento e para as grandes opções do futuro e a única coisa que se vê é o pagamento de dívidas do passado e a gestão corrente da máquina municipal.


O orçamento global ascende aos 62 milhões de euros, mas esta maioria já nos habituou a apresentar contas que não são para cumprir. Aliás, não há memória de este Executivo ter alguma vez aproximado a realização orçamental dos valores previstos no papel. A prova de que o orçamento não é para cumprir foi dada pelo próprio presidente da Câmara, em entrevista a um canal de televisão. Num lapso de linguagem lamentável, disse que o orçamento era de mais ou menos 22 milhões de euros. Quando nem o presidente se lembra de quais as verbas orçamentadas, que credibilidade
tem o documento que aqui hoje estamos a debater?


Apesar dessa dúvida, vamos aos números. E estes são de arrepiar. Mais de metade do dinheiro orçamentado, 52,98% destina-se a pagar despesas correntes. São mais de 33 milhões de euros para gastos de funcionamento. Investimentos previstos são apenas de 29 milhões de euros. Com a ressalva de que alguns respeitam a pagamentos de obras já feitas, que outra parte são coisas que todos sabemos que não são para se fazer e uma outra parcela, ainda que tecnicamente seja investimento, na prática são também despesa correntes. Referimo-nos a aquisição de mobiliário, material e programas informáticos, reparação de maquinas e aquisição de ferramentas.


Quanto sobra para novos projectos que tenha o condão de encaminhar este Concelho para o rumo de desenvolvimento que nos falta? Sobra pouco ou nada. Mas ao Executivo pouco importa: se não tem ideias, para que precisa de verbas? Pena é que estando esgotado de ideias e de projectos mobilizadores e que não sejam megalómanos, o presidente da Câmara e a maioria que o suporta não tenham a humildade de ouvir a população. Já aqui propusemos e voltamos a fazê-lo: urge lavar à prática, o método dos orçamentos participativos, processos que permitam às populações dizerem quais as maiores carências. Mas este executivo de direita que nos desgoverna não parece interessada em ir por aí. Lamentamos.

Um documento com a natureza deste que aqui nos foi apresentado seria possível num imaginário reino de pleno bem-estar social, onde apenas faltasse pagar meia dúzia der obras já realizadas e fazer uns pequenos ajustamentos no construído. Mas Valongo, por muito que isso possa surpreender o senhor presidente da Câmara, e o seu partido, não é um País das Maravilhas.

Aqui vive uma parte dos mais desfavorecidos da Área Metropolitana, mas a Câmara apenas orçamenta 36 300 euros para a rubrica Acção Social, cerca de um terço daquilo que vale o automóvel comprado no ano passado para uso do senhor presidente da edilidade.


Em Valongo o desemprego atinge os 13% e vai crescer com o encerramento da Lear. Mas o PSD local nem a taxa de desemprego sabem calcular quanto mais vislumbrar formas de atrair investimentos que crie emprego de qualidade.


Temos portanto, um orçamento falho de criatividade e nulo de investimentos estruturais. Ao menos permitirá reduzir bastante a dívida de médio e longo que se prevê possa atingir os 17 milhões de euros em 1 de janeiro? Puro engano! Daqui a 12 meses, essa dívida, só terá sido reduzida em 1,3 milhões de euros


Em suma: esta maioria não faz, não paga a divida, não poupa. Mas esta equipa de gestão municipal pretende, apesar disso, ir ao bolso dos munícipes. O orçamento já contempla a possibilidade de as autarquias cativarem para si uma percentagem do IRS cobrado aos cidadãos aí residentes. Como é costume, a direita na Câmara de Valongo pretende cobrar a taxa máxima. E desta forma afundar mais o Concelho de Valongo e
a qualidade de vida dos seus munícipes. Perante isto, o Bloco de Esquerda só poderá votar contra o Orçamento e as Grandes Opções do plano.

Aproveitamos para um pedido de esclarecimento ás bancadas do PS e da CDU, que viabilizaram o Orçamento para 2006. Que ganhou o município com o beneficio da duvida atribuído a esta maioria? Quais dos pressupostos que levaram a tal viabilização foram cumpridos?"