02 maio 2012

O deputado Eliseu Pinto Lopes, representante do Bloco de Esquerda, apresentou na reunião da Assembleia Municipal de Valongo de 27/04/2012, a seguinte moção, que foi aprovada por unanimidade:

MOÇÃO

Contrariando a genuína expressão da vontade da Anafre, dos autarcas de freguesia e das populações de todo o país, foi recentemente aprovada na Assembleia da República, apenas com os votos favoráveis do PSD e CDS/PP, a proposta de lei do governo 44/XII que impõe a diminuição de mais de metade das freguesias urbanas.

Para além de aprofundar as assimetrias entre o litoral e o interior do país, a proposta extinção, fusão ou agregação de freguesias no concelho de Valongo vai diminuir o número de autarquias,  o que, entre outras gravosas consequências, diminuirá a proximidade dos eleitos com os eleitores,  prejudicará irremediavelmente a prestação do serviço público às populações e afetará a participação pública e a democracia local.
A Assembleia Municipal de Valongo, reunida em 27 de Abril de 2012, sem deixar de manifestar abertura a alterações legislativas que visem o reforço das competências e meios financeiros das freguesias, a melhoria da participação pública, o aprofundamento da democracia local e um desenho administrativo que ajude a responder melhor aos anseios e necessidades das populações,

1 - Saúda a iniciativa promovida pela Anafre no passado dia 31 de Março, que constituiu uma grande manifestação do sentir dos autarcas e das populações;

2 - Rejeita frontalmente qualquer agregação, fusão ou extinção das Freguesias do concelho de Valongo, sem que primeiro seja dada voz aos eleitores e às populações abrangidas.

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Também apresentada pelo deputado do Bloco de Esquerda foi aprovada outra moção do seguinte teor:
Moção

A recente Lei nº 8/2012 de 21 de Fevereiro – Assunção de Compromissos e Pagamentos em Atraso das Entidades Públicas – está a asfixiar os municípios, mesmo aqueles que têm tido uma gestão financeira responsável e cuidada.
Englobada nos pacotes de medidas financeiras de empobrecimento forçado, a lei em apreço retira capacidade aos municípios para continuarem a apoiar financeiramente inúmeras atividades de grande valia social, cultural e desportiva.
Mostrando um grande desconhecimento sobre o funcionamento das autarquias e das organizações locais, a Lei nº 8/2012, se aplicada, vai traduzir-se na falta de resposta a situações de emergência e no encerramento de serviços que atualmente são prestados à comunidade.    
Pelo exposto, a Assembleia Municipal de Valongo, reunida em 27 de Abril de 2012, consciente das dramáticas consequências da aplicação daquela norma,
1 – Manifesta a sua profunda discordância com o teor da Lei nº 8/2012 de 21 de Fevereiro;
2 – Reclama da Assembleia da República a reapreciação daquele diploma,  para que os municípios não sejam asfixiados financeiramente e impedidos de cumprir as suas atribuições e competências legais.
(Moção aprovada por maioria de 25 votos a favor do PSD, CDS, PS, BE, CDU, 
Independente de Alfena e com 6 Abstenções da Coragem de Mudar)
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Foi ainda aprovada por unanimidade uma outra moção, que tinha sido previamente consensualizada entre as diversas forças, referente às alterações que o governo quer introduzir no novo mapa judiciário, retirando competências ao Tribunal de valongo, cujos considerandos transcrevemos:
MOÇÃO
(SOBRE A REORGANIZAÇÃO DO MAPA JUDICIÁRIO)
a)- Considerando que os Tribunais do Trabalho e Judicial de Valongo foram instalados num moderno e funcional edifício há menos de um ano, o que representou um elevado investimento por parte do Estado;
b)- Considerando que a extinção do Tribunal do Trabalho, transferindo as competências para o Tribunal do Trabalho de Gondomar é, na prática, inexequível e não tem em conta o volume processual efectivamente registado;
c)- Considerando que a transferência de competências do Tribunal Judicial para a comarca de Vila Nova de Gaia implicará um injustificado prejuízo para os cidadãos do concelho de Valongo, que serão obrigados a efectuar a travessia do Rio Douro;
d)- Considerando que o moderno CAMPUS DA JUSTIÇA de Valongo ficará subaproveitado e parcialmente desperdiçado;
A Assembleia Municipal de Valongo, reunida em sessão ordinária no dia 27 de Abril de 2012, delibera:
I- Pronunciar-se contra a proposta de reorganização da estrutura judiciária no que respeita à extinção do Tribunal do Trabalho de Valongo e à retirada de competências do Tribunal Judicial de Valongo;
II- Exortar o Governo a rever aquela proposta;
III- Dar conhecimento público do teor desta moção, designadamente ao Ex.mo Senhor Primeiro Ministro, à Ex.ma Senhora Ministra da Justiça, aos Grupos Parlamentares com Assento na Assembleia da República, ao Conselho Geral da Ordem dos Advogados Portugueses, ao Conselho Superior da Magistratura e ao Conselho Superior do Ministério Público.

Valongo e Assembleia Municipal, vinte e sete de Abril de 2012


Apresentado pelo deputado Eliseu Pinto Lopes, representante deo Bloco de Esquerda, foi aprovado na Assembleia Municipal de Valongo, de 27/04/2012, o seguinte:

VOTO DE PESAR

No passado dia 24 de Abril, em Antuérpia, faleceu Miguel Portas, com 53 anos de idade.
 Ao longo de toda a sua vida, Miguel Portas destacou-se como um exemplo de coragem e de determinação nas lutas políticas em que se envolveu.
Ativista contra a ditadura desde jovem, Miguel Portas chegou a ser detido pela PIDE quando tinha ainda 15 anos. Militante do PCP entre 1974 e 1989, esteve sempre empenhado na transformação da esquerda. Em 1999, foi um dos fundadores do Bloco de Esquerda, movimento do qual foi dirigente e um dos principais impulsionadores. Miguel Portas era, desde 2004, deputado ao Parlamento Europeu, onde granjeou o respeito e a admiração de parlamentares de variados quadrantes políticos.
Economista de formação, exerceu a profissão de jornalista. Foi director da revista cultural Contraste e depois redactor e editor de internacional do semanário Expresso. Fundou o semanário Já e a revista Vida Mundial, dos quais foi director. Também foi cronista no Diário de Notícias e no semanário Sol, bem como na Antena 1. Foi ainda assessor de Jorge Sampaio na presidência da Câmara de Lisboa, ocupando-se de assuntos culturais.
Foi autor de dois documentários realizados para televisão: Mar das Índias (co-produção entre a RTP e a Comissão dos Descobrimentos) e Périplo – Histórias do Mediterrâneo. Foi ainda autor de três livros publicados: E o resto é paisagem; Líbano – entre guerras, política e religião e Périplo.
Miguel Portas foi simultaneamente um político e um homem de grande cultura, europeísta e internacionalista, que se distinguiu pela procura de caminhos novos na intervenção política. A sua morte empobrece Portugal e a Europa.
Assembleia Municipal de Valongo, reunida a 27 de Abril de 2012, aprova um voto de pesar pela morte de Miguel Portas e apresenta sentidas condolências à sua família e a todos os que profundamente sentem a sua ausência.
Assembleia Municipal de Valongo, 27 de Abril de 2012