02 janeiro 2012

Alertas de Cavaco Silva sobre a crise

não passam de “votos piedosos”

Sem identificar grandes novidades na Mensagem de Ano Novo do Presidente da República, o dirigente bloquista Jorge Costa considera que os alertas de Cavaco Silva sobre a crise não passam de “votos piedosos”. “Não se pode apoiar a política da recessão e dizer que é preciso cuidado porque vem aí recessão”, disse.

Alertas de Cavaco Silva sobre a crise não passam de “votos piedosos”

"Do lado do Governo e dos partidos que apoiam o memorando da ‘troika’, do lado da Presidência da República, a resposta que temos é sempre a mesma, que só há um caminho, é o caminho da austeridade e da corrida para o abismo", disse Jorge Costa. Foto de Paulete Matos.

Para o Bloco, nas palavras de Jorge Costa, "não se pode apoiar a política da recessão e dizer que é preciso cuidado porque vem aí uma recessão, e essa dificuldade que tem o discurso do Presidente da República é a que nós enfrentamos e a que a esquerda enfrenta no momento atual do debate político no país: é saber se a austeridade e a corrida para o abismo é o único caminho, ou se há outro caminho".

Segundo o dirigente bloquista Jorge Costa, "a preocupação do Presidente da República é sempre limitada pelo seu apelo a um compromisso nacional com a política que vai levar o país para o abismo, esta política que está a ser aplicada pelo Governo vai trazer mais crise para dentro da crise, vai cavar mais fundo a recessão que o país vive”.

“Não se pode falar de coesão social, de equidade na repartição dos sacrifícios, de um compromisso nacional, em que todos juntos temos de estar em torno da política do Governo, como faz o Presidente da República, para depois dizer que está muito preocupado com o agravamento das desigualdades", acrescentou.

Em declarações à TSF, Jorge Costa classificou os alertas de Cavaco sobre a crise pela qual passa o país de “votos piedosos”. “Quando se tratou de analisar o Orçamento de Estado e de olhar para a economia e grandes opções do Governo, o que sobra do discurso do Presidente é um apelo à unidade nacional e ao consenso em torno do caminho do abismo”, acrescentou.

"Quem fala de crescimento, apoiando uma política como esta, está a jogar com as palavras"

Jorge Costa considera que na declaração do chefe de Estado ao país "não houve ideias novas". "Quando o Presidente da República fala na necessidade de promover o crescimento económico, o Presidente da República sabe que esse crescimento é totalmente inviável a partir de políticas que só podem gerar recessão", notou. "Quem fala de crescimento, apoiando uma política como esta, está a jogar com as palavras", criticou.

Só a esquerda “está presente" no debate sobre as alternativas às políticas de austeridade, disse, e fá-lo através da discussão sobre "a renegociação da dívida, o reforço do poder de compra e do restabelecimento de um modelo produtivo e de uma economia virada para a autonomia do país".

"Do lado do Governo e dos partidos que apoiam o memorando da ‘troika’, do lado da Presidência da República, a resposta que temos é sempre a mesma, que só há um caminho, é o caminho da austeridade e da corrida para o abismo", assinalou.

Jorge Costa rejeitou ainda a ideia de que haja responsabilidades repartidas por toda a sociedade no que respeita à situação difícil de Portugal. Entre os responsáveis, está o próprio Presidente da República, mas também estão os governos do PS, os governos da direita, “governos que trouxeram o país à situação em que se encontra", acusou.

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