17 abril 2008


O insulto público e a desculpa privada

Na última reunião da Assembleia Municipal de Valongo, todos os presentes assistiram a uma (caricata) e singular discussão entre o deputado do Bloco de Esquerda, Carlos Basto, e o presidente da autarquia, Fernando Melo. Aconteceu no período antes da ordem do dia em que o deputado do BE numa crítica à “excelência autárquica” referiu vários problemas que existem nas escolas da responsabilidade da autarquia nomeadamente a água que empoça quando chove e a falta de refeições escolares em duas escolas, uma delas a da Bela, Ermesinde.

A esta informação reagiu intempestivamente o presidente da autarquia dizendo que era mentira porque estavam a ser servidas refeições em todas as escolas do concelho.

Carlos Basto voltaria à tribuna para voltar a desmentir o presidente acrescentando que sabia bem o que dizia, até porque tinha um neto na escola da Bela. Reagiria de novo o presidente a dizer que é mentira porque apesar de não haver cantina havia uma empresa que levava as refeições à escola. Fernando Melo sempre a interromper o deputado do BE, dizendo que era mentira e Carlos Basto a dizer que não serviam refeições naquela escola, tendo inclusivamente desafiado o Presidente para na segunda-feira seguinte visitarem conjuntamente a escola para verificação, ao que o presidente não respondeu.

E assim terminou a discussão tendo ficado gravado: Fernando Melo a dizer a “sua” verdade para o microfone e a chamar mentiroso ao deputado do BE!

Só que no final da sessão, Fernando Melo chamou de lado o deputado do BE para lhe dizer que afinal tinha razão porque lhe tinham confirmado que de facto naquela escola não estavam a ser distribuídas as refeições! Mas esta declaração de Fernando Melo não foi dada em público para todos os deputados e assistência presente nem foi dita ao microfone, pelo que também não ficou gravado!

Coincidência? Ou esperteza saloia? Politicamente, foi um acto cobarde em que o Presidente fica com a “verdade” e o adversário político fica com o epíteto de “mentiroso”.

Esta atitude do Presidente da edilidade terá de ser desmascarada e este deverá, numa próxima A.M. e aos microfones, vir retratar-se da sua atitude e pedir desculpa pública ao BE e ao seu deputado pela maneira como foram tratados. Só desta forma consideraremos o assunto sanado, embora reservando-nos o direito da nossa interpretação política de mais este acontecimento.

Com efeito, já não é a primeira vez que o Bloco de Esquerda é alvo de ataques por parte do PSD, dos vereadores e do Presidente da Câmara, Fernando Melo.

Na sessão anterior da Assembleia Municipal, foi o deputado do BE, Fernando Monteiro, alvo de declarações insultuosas por parte do Presidente, que chamou àquele membro da Assembleia uma pessoa que “não sabe dizer nada”… Ora, também neste momento houve uma longa discussão a propósito do Orçamento e Grandes Opções do Plano, sobre questões sociais e outras de grande importância para a vida e o futuro das populações do concelho, com o Presidente e vários vereadores do PSD a reagirem e a tratarem mal um deputado do BE.

O nervosismo do Presidente da Câmara e do PSD é sintomático da desorientação que grassa na edilidade e é revelador de duas coisas: Uma, que o Sr. Presidente não sabe ouvir as críticas; Outra, que o BE está a incomodar.

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