25 janeiro 2011

É lamentável o absurdo de vivermos num concelho em que existem entre 5 a 10 mil casas devolutas, dezenas de empreendimentos imobiliários inacabados há vários anos e, ao mesmo tempo, a Câmara afirmar que não tem capacidade para dar resposta aos mais de 800 pedidos de ajuda para habitação.

“AQUI PODIA VIVER GENTE


Esta é a designação da campanha de requalificação urbana lançada pelo Bloco de Esquerda e que propõe a recuperação de casas devolutas para dinamizar o mercado de arrendamento nas cidades e criar alternativa à compra de habitação.
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Ao nível local, a reabilitação urbana foi, e continua a ser, uma das bandeiras do bloco e, como tal, assume-se como prioritária entre as medidas do programa eleitoral apresentado nas últimas eleições autárquicas.

Logo em Novembro de 2009, promovemos a aprovação de Recomendação na Assembleia Municipal de Valongo para que a Câmara procedesse, com urgência, à identificação e relacionamento dos prédios urbanos degradados e devolutos há mais de um ano, existentes na área do município e que disponibilizasse tal listagem à mesma Assembleia. Decorrido que está mais de um ano, o executivo camarário liderado pelo PSD responde com silêncio não só àquela recomendação, mas também ao grave problema da degradação urbana existente no concelho.
Acontece que tal silêncio jamais se poderá sobrepor à gritante injustiça e à insensibilidade social a que são deixados muitos dos habitantes deste município.

O crescimento descontrolado das áreas urbanas, a especulação imobiliária e as políticas desastradas de urbanismo dos sucessivos executivos PSD, ao longo de mais de 16 anos, resultaram no surgimento de milhares de imóveis devolutos. É, de facto, lamentável o absurdo de vivermos num concelho em que existem entre 5 a 10 mil casas devolutas, dezenas de empreendimentos imobiliários inacabados há vários anos, e ao mesmo tempo, a Câmara afirmar que não tem capacidade para dar resposta aos mais de 800 pedidos de ajuda para habitação das famílias do concelho.

Na última campanha eleitoral, há cerca de um ano atrás, tudo serviu para a coligação de direita PSD/CDS-PP tentar esconder esta triste realidade, desde a simbólica demolição de um prédio junto à A4, passando pela afixação nas fachadas do empreendimento na Fonte da Senhora do desenho das supostas futuras instalações dum hospital privado, hotel e lar e acabando no pomposo anúncio da reabilitação do antigo quartel dos bombeiros voluntários de Valongo. Mas a campanha já lá vai há muito. O que resta dela são os desenhos que repousam nas fachadas dos prédios como promessas esquecidas no fundo dum baú.

A situação social no concelho é grave. Valongo tem hoje a sexta taxa de desemprego mais alta do distrito do Porto, atingindo os 15%, ficando muito acima da média nacional (10,9%). O número de pessoas carenciadas disparou assustadoramente e a situação continuou a agravar-se. Tivesse a Câmara agido em devido tempo e reforçado o investimento na área social, como o BE sempre defendeu, e hoje poderia ter resposta adequada aos problemas sociais, nomeadamente, o do acesso a habitação a custos controlados. Mas antes quis gastar milhões em rotundas, iluminações, jardins, páginas na Internet e noutras medidas eleitoralistas para encher o olho e agora chegamos onde estamos, com a vereadora da acção social a dizer que não há dinheiro para “construir seja o que for”. O BE não pode aceitar esta atitude irresponsável e daí que façam todo o sentido iniciativas que denunciem publicamente o fracasso das políticas municipais de habitação.

24.01.2011 - Bloco de Esquerda/Valongo

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