25 outubro 2010


Portagens nas SCUT são mais uma medida recessiva que prejudica as pessoas, as empresas e a economia
No dia 15 de Outubro entraram em funcionamento as portagens na A28, A29, A41 e A42. As consequências sentiram-se de imediato: ora com o custo deste novo imposto encapotado sobre aqueles que diariamente tinham que circular por estas estradas; ora com o congestionamento de várias estradas nacionais que provaram não ser alternativa, uma vez que a maior parte delas foi transformada em vias urbanas, com numerosos semáforos, rotundas e cruzamentos e sem segurança adequada para quem nelas circula.
Desde a entrada em vigor das portagens, foram muitos os que tiveram que passar horas em filas de trânsito em estradas nacionais que o governo dizia serem alternativas às SCUT. Nada como a realidade para contrariar a efabulação e a mentira!
O Bloco de Esquerda repudia a forma como PS, PSD e CDS-PP se uniram para, com o falso pretexto do princípio do utilizador-pagador, lançar sobre os utentes das SCUT mais uma despesa que pode chegar às centenas de euros por mês.
Quem no concelho de Valongo queira ir para Paços de Ferreira ou Porto pela A41 terá de pagar portagem. Escandaloso ainda para quem de Alfena ou de Ermesinde queira ir pela A3 para o trabalho no Porto, ou queira seguir para Braga, não tem outra alternativa que não seja pagar passagem na SCUT, pelos escassos metros na A41, único acesso à auto-estrada Porto-Braga.
Lembramos que o distrito do Porto é um dos mais afectados pelo desemprego no país. Entre as causas para esta situação estão as falências e as deslocalizações de empresas. Algumas das consequência são a pobreza, a perda do poder de compra e da qualidade de vida.
Com a entrada em vigor de portagens nas antigas SCUT todas estas situações se agravarão:
1. Milhares de pessoas que diariamente utilizavam estas estradas para se deslocarem de casa para o trabalho têm agora duas hipóteses: ou pagam mais uma factura mensal de muitas dezenas de euros para se deslocar ou então sujeitam-se a passar horas e horas por dia em filas de trânsito em estradas congestionadas, alargando muito as suas horas de trabalho e desperdiçando tempo para a sua vida pessoal e familiar;
2. As empresas que se foram localizando em muitos concelhos que eram servidos pelas SCUT têm agora mais um encargo para a sua produção, o que em muitos casos, pode agravar a situação dessas empresas e levar a mais encerramentos e desemprego;
3. Várias empresas produtoras já avisaram que vão fazer reflectir nos preços ao consumidor o aumento de custos de produção. Resumindo, os produtos ficarão mais caros;
4. A introdução de portagens nas SCUT vai prejudicar as relações comerciais com a Galiza para onde exportam várias empresas portuguesas. Contradição das contradições, o Governo assume que o aumento das exportações são um objectivo no Orçamento para 2011, no entanto, com esta medida irá fazer com que grande parte das exportações para a Galiza (para onde Portugal exporta mais do que para os EUA!) fique ameaçada;
5. Criar mais este encargo mensal às famílias portuguesas é retirar-lhes poder de compra. Se juntarmos a isto todas as medidas já previstas no Orçamento para 2011 podemos concluir que a maior parte das famílias não terá dinheiro para fazer face às suas despesas, o que se traduzirá em agravamento da situação social.
Para o Bloco de Esquerda, esta é mais uma medida recessiva que apenas contribuirá para o declínio da economia da região e do país. É mais uma medida que retira poder de compra às famílias, aumenta encargos sobre as empresas e fará, inevitavelmente, aumentar o preço dos produtos que chegam aos consumidores. Esta é mais uma medida que mostra como PS e PSD estão a afundar o país.

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