20 junho 2008

A FOME NOVA FONTE DE LUCROS

Fome do mundo é a nova fonte de lucros do grande capital financeiro, e os seus lucros aumentam na mesma proporção que ela.

O escândalo, finalmente, estalou na opinião pública: longe de resolver o problema alimentar do mundo, agravou-o. Cerca de um sexto da humanidade passa fome; segundo o Banco Mundial, 33 países estão à beira de uma crise alimentar grave; mesmo nos países mais desenvolvidos, os bancos alimentares estão a perder as suas reservas; e voltaram as revoltas da fome.

A opinião pública está a ser desinformada sobre esta matéria, para que se não dê conta do que se está a passar. Porque é explosivo: A fome no mundo não é um fenómeno novo.

A opinião pública tem sido informada de que o surto da fome está ligado à escassez de produtos agrícolas; ao aumento de consumo de cereais na Índia e na China; ao aumento dos custos dos transportes devido à subida do petróleo; à crescente reserva de terra agrícola para produção dos agro-combustíveis.

Quanto mais altos forem os preços, mais fome haverá no mundo, maiores serão os lucros das empresas e os retornos dos investimentos financeiros. Nos últimos meses, os meses do aumento da fome, os lucros da maior empresa de sementes de cereais aumentaram 83 por cento. Ou seja, a fome de lucros alimenta-se da fome de milhões de seres humanos.

O escândalo do enriquecimento de alguns à custa da fome e subnutrição de milhões já não pode ser disfarçado com as ajudas alimentares. Tais ajudas são uma fraude que encobre outra maior: as políticas económicas neoliberais que há 30 anos têm vindo a forçar os países do Terceiro Mundo a deixar de produzir os produtos agrícolas necessários para alimentar as suas próprias populações.

A revolta contra a fome é mais um aviso contra as consequências da destruição do bem-estar dos povos para benefício exclusivo de um pequeno grupo de países. Para lhes responder eficazmente será preciso pôr termo à globalização neoliberal. O capitalismo global tem de voltar a sujeitar-se a regras que não as que ele próprio estabelece para seu benefício.

Na assembleia municipal de Valongo, o deputado Casimiro líder da bancada do PS, a propósito de uma proposta apresentada pelo bloco de esquerda sobre a pobreza no distrito do Porto, fez uma infeliz intervenção referindo, (por outras palavras, mas querendo dizer a mesma coisa) que os pobres são pobres porque querem selo, (como se a pobreza fosse uma fatalidade), que os desempregados estão desempregados porque o desejam, (deu como exemplo três ofertas de emprego para uma lavandaria) que os sem abrigo por vontade própria, querem ser sem abrigo (dando como exemplo um que dormia debaixo de uma árvore porque queria, como se estes excluídos da sociedade gostassem de sofrer com o frio, a fome e todo o tipo de privações), realçou os abusos ao rendimento de inserção social para atacar socialmente este subsídio, colocando este Sr. Deputado, os abusos como regra e não como excepções.

O Sr. Deputado do PS meteu a cabeça na areia, num cego e despropositado seguidismo partidário, ignorou a pobreza para branquear a responsabilidade que os governos PS e o PSD têm na proliferação desta em Portugal.

O deputado do BE Fernando Monteiro como suporte á moção referiu um numero de personalidades nacionais e estrangeiras que retrataram a pobreza no mundo como catastrófica e em Portugal como de muito grave onde os números atingem já os 2 milhões de pobres declarados, há ainda a pobreza encoberta não quantificada mas que se sabe ser muito elevada.

Não posso deixar de fazer uma comparação entre a intervenção do deputado Casimiro e o PS Valongo, com a entrevista dada pelo Alfredo Bruto da Costa sobre a pobreza, que Identifica de uma forma clara e certeira os principais problemas com que o país está confrontado e a melhor forma de os resolver.

Reproduzo, algumas citações de Alfredo bruto da costa na entrevista dada ao jornal público, que desde já recomendo a sua leitura, ao Sr. Deputado Casimiro em particular e ao PS em geral.


 «Se não há mudança social, não pode haver erradicação da pobreza. Se os programas não tocam no resto da sociedade, tentam resolver a pobreza dentro do universo da pobreza, mas não estão a resolver as causas».

 «A outra parte - os pobres que estão empregados, por conta própria ou por conta de outrem - não se resolve com política social, é um problema económico».

 «O que importa que o capital esteja disseminado quando quem continua a mandar são os grandes? A democratização do capital deve ser também a democratização da empresa».

 «Num mercado economicamente liberal, temos que saber se é possível alguma vez termos pleno emprego. Eu tenho dúvidas».

 «Por definição: se tenho um problema de repartição primária (o dos salários), ele resolve-se por via da política económica».

Apenas reproduzi algumas citações de um especialista desta ária, poderia citar Ana Benavente, Tito de Morais, Pedro Edmundo, Mário Soares, helena Roseta, Manuel alegre, entre muitos outras personalidades insuspeitas que partilham as mesmas preocupações do bloco de esquerda e que estão muito distantes do PS e do Sr., deputado Casimiro.

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