18 maio 2009


Miguel Portas no jornal i
Mai 18, 2009 publicado por zenuno.
Miguel Portas, candidato do Bloco de Esquerda às europeias, diz que o principal objectivo do partido é “tirar a maioria ao PS”
Como vê a utilização do BE como instrumento de vitimização política do PS?
Sócrates sabe bem que, se há força política que o pode colocar em maioria relativa, essa força é o Bloco. Por isso, tem boas razões para nos transformar no seu principal adversário.
Sente que a discussão sobre o bloco central surge porque as elites têm medo do crescimento do BE?
É parte da explicação. É evidente que, no plano institucional, já existe um bloco central mitigado entre a Presidência da República e o governo. Mas essa ideia tem crescido com a percepção de que, para continuar com as políticas que temos neste contexto de crise social gravíssima, é necessária uma maior base de apoio político. Uma espécie de partilha de responsabilidades nas políticas difíceis. As elites, não querendo atacar os bancos, sabem que só vamos sair da crise com mais medidas impopulares e que fracturam completamente a base eleitoral de um só partido maioritário. É por isso que pedem um bloco central.
Qual é o principal objectivo eleitoral do Bloco?
Tirar a maioria absoluta ao PS.
Querem ser governo? Estão preparados para isso?
Estamos claramente a preparar o Bloco para ser governo. Vamos apresentar-nos com um programa de governo e chegará o dia em que seremos governo. Não é por acaso que o outdoor que está nas ruas liga intimamente as mudanças na Europa e as mudanças em Portugal sob uma única ideia: “Justiça na economia”. Para nós, este processo [eleições legislativas e europeias] faz parte do mesmo combate. É um projecto que visa consolidar o Bloco como grande referência de alternativa.
Nunca no governo com o PS?
Deixaremos nascer um governo de maioria relativa do PS, se essa for a opção da liderança socialista.
Recusa completamente pertencer a um governo socialista…
Recusamos pertencer a qualquer governo com esta liderança. Nenhum português compreenderia que a nossa luta contra as políticas socialistas tivesse sido a fingir - porque não foi. Garantimos aos eleitores que nos bateremos por maiorias no parlamento, tendo em conta cada um dos compromissos que assumimos na batalha eleitoral.
E se Alegre fosse líder o socialista…
Aí estaria aberta a porta à renovação de rostos e políticas. Seria um quadro político inteiramente novo. Mas Alegre não é candidato às legislativas; não é esse o quadro da disputa eleitoral.
Manuel Alegre tem espaço neste projecto do Bloco?
Manuel Alegre tem seguramente um espaço, que é o dele - e não é pequeno -, num projecto de recomposição e construção de uma esquerda que queira ter ambição maioritária neste país. O Bloco é só parte dessa esquerda.
Mas Alegre é uma uma peça importante nesse puzzle?
É evidentemente muito importante. Não tenho dúvidas de que boa parte da consolidação do BE tem que ver com a coerência da nossa intervenção mas também com a abertura que revelamos na relação com outros sectores da esquerda. Temos consciência de que a esquerda que é precisa é muito maior do que o Bloco.
Que comentário lhe merece a recusa de Alegre integrar as listas do PS?
Foi muito coerente com aquilo que tem defendido. Um gesto de grande dignidade: não foi o primeiro, não será o último.
Tem ideia que as pessoas olham para os militantes do Bloco como “perigosos esquerdistas”?
Não. As pessoas vêem-nos exactamente como somos: gente convictamente de esquerda, técnica e politicamente preparada para oferecer soluções concretas para problemas concretos.
Estão a preparar quadros para este projecto de governo do partido?
Trabalhamos para uma renovação geracional do Bloco e isso é evidente.
José Sócrates é pior primeiro-ministro do que Durão Barroso é presidente da Comissão Europeia?
Não. Estão bem um para o outro: “É porreiro pá!”
O que diria aos leitores se tivesse que os convencer a votar em si em 15 segundos?
Diria aos idosos para votarem pelo futuro da geração Europa, dos seus netos. E diria à geração Europa: “Levantem-se e sejam!” O voto é uma bela maneira de começar

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