19 fevereiro 2010



Começou o circo

Ao contrário do que aconteceu com o BPN, deputados decidiram não criar uma comissão de inquérito sobre a TVI. Escolheram audições que a 60 inquiridos e sem objectivo claro. Vai correr mal.
A Assembleia da República decidiu que não valia a pena avançar com uma proposta pelo Bloco de Esquerda ao caso da TVI. Talvez porque, sendo mais demorada, os benefícios políticos não fossem imediatos. Preferiu avançar com audições na Comissão de Ética. Assim, ao contrário da solução mais rigorosa, as conversas parlamentares podem ficar-se no éter da "liberdade de imprensa". Ou seja: sendo sobre quase tudo fica seguro que não será sobre coisa nenhuma.
Cada partido tratou de escolher jornalistas e casos a seu gosto: o caso de Marcelo, as escutas fictícias a Cavaco Silva, o caso da PT e o que mais vier à rede. Tudo cabe, num total de sessenta inquiridos que, muitos deles, não fazem a mais pálida ideia do que lá vão fazer. Perde-se a oportunidade de ficar a saber qualquer coisa sobre o o que aconteceu na PT e na TVI e fazer um julgamento político - diferente do julgamento criminal - do comportamento do governo neste caso.
Desta vez, a oposição não se pode queixar de ninguém. Tinha maioria e optou pelo caminho rápido que nada esclarecerá. A cena de Mário Crespo, a desfraldar uma t-shirt e a distribuir fotocópias como se não tivesse qualquer fórum onde expressar as suas opiniões, foi só o primeiro acto de um espectáculo que se adivinha degradante.
Às vezes, alguns deputados parecem não possuir aquela qualidade que permite aos humanos aprender com a experiência. Ou talvez tenham aprendido bem demais que as verdades são demasiado perigosa e mais difícil de instrumentalizar. No caso do BPN, seguiram um caminho rigoroso com um objecto de investigação preciso. Correu bem. Agora, preferiram voltar ao improviso que garante todo o espectáculo mediático e nenhum esclarecimento público. Vai correr mal.

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