02 fevereiro 2010




A Mesa Nacional do Bloco esteve reunida no dia 23 de Janeiro e discutiu, entre outros pontos, esta resolução política sobre o Orçamento e as eleições presidenciais

Resolução Política da Mesa Nacional do Bloco Sobre o Orçamento e as presidenciais
1. Só a luta contra o desemprego conduz a um Orçamento contra a crise Com o acordo com a direita para o Orçamento de 2010, o Governo Sócrates confirmou a sua estratégia económica irresponsável. Essa estratégia agrava a crise social por três razões: 1. A decisão de fazer um Orçamento entre o PS e a direita é uma violação do contrato eleitoral. O Governo Sócrates tinha-se comprometido a usar o investimento público para combater a recessão e reduziu-o, agravando a recessão. Tinha prometido uma política social contra o desemprego, mas reduziu a despesa com cada desempregado e deixa cerca de 300 mil sem subsídio.
2. Esta política orçamental protege a especulação. O governo decidiu retirar a sua promessa eleitoral de aplicar um imposto sobre as mais-valias bolsistas, seguindo a regra europeia. Ora, as dez pessoas cujos patrimónios imobiliários se valorizaram em 5 mil milhões de euros, em 2009, teriam que pagar mil milhões de imposto se tivessem comprado e vendido as acções nesse ano e se houvesse um imposto mínimo, e não pagarão nada se se mantiver a situação actual. O rigor fiscal financiaria dois anos de acesso ao subsídio de desemprego para todos os que dele precisam para viver.O governo preferiu beneficiar dez especuladores.
3. Este acordo promove o desemprego e a precariedade. Foi por isso que a aliança entre o PS e a direita se recusou, contra as promessas eleitorais, a aumentar o acesso ao subsídio de desemprego, como o Bloco de Esquerda propôs ontem no parlamento, e se recusou também, no dia anterior, a corrigir a lei que conduz às das 60 horas de trabalho sem pagamento de horas extraordinárias.O Bloco de Esquerda apresentará, no debate do OE 2010, as propostas que decorrem do seu programa eleitoral e que se concentram na criação de emprego e protecção das desempregadas e desempregados.
4. Uma candidatura presidencial de convergência para a luta política da esquerda A Mesa Nacional tem um mandato aprovado pela Convenção do Bloco de Esquerda no sentido de defender “a necessidade de uma candidatura presidencial da convergência mais ampla possível para a luta política da esquerda, sem prejuízo de apoiar uma candidatura da sua área política no caso em que essa alternativa não se concretize”.Em particular ao longo dos últimos anos, essa convergência existiu entre Manuel Alegre e outros deputados socialistas, o BE e outras forças de esquerda, na oposição ao Código do Trabalho, ao ataque ao SNS e outros serviços públicos, na defesa dos professores e na recusa das privatizações. Tratou-se de todas as grandes questões que convocaram um projecto de democracia contra as soluções liberais que conduzem a crise social. Essa convergência expressou-se em plataformas de debate e posição comuns, e reforçou a luta política da esquerda. A luta da esquerda é a resposta à crise social e económica que se vive. Uma candidatura presidencial de convergência deve estender essa luta no contexto da sua responsabilidade própria, que é a de uma candidatura suprapartidária, que não age como um governo, mas antes se situa na mobilização pela democracia económica e social contra a desigualdade e injustiça. Acresce ainda que essa mobilização é decisiva dado que esta eleição presidencial se decide à primeira volta com a recandidatura de Cavaco Silva.Tendo Manuel Alegre apresentado a sua disponibilidade, o Bloco de Esquerda manifesta o seu apoio a essa intenção de candidatura.
5. Contra o reforço das tropas portuguesas no AfeganistãoO Bloco de Esquerda recusa a presença militar portuguesa no Afeganistão e, em consequência, o reforço decidido pelo governo. A fraude eleitoral, as dificuldades do governo Karzai entre corrupção e protecção do narcotráfico e o agravamento da crise militar comprovam o erro e fracasso da estratégia da Nato na ocupação do país.
Aprovado com 2 votos contra e 7 abstenções

2 comentários:

  1. Depois dos anos do cavaquismo, onde só se falava de economia e de subsídios europeus, a
    democracia em Portugal parece reduzir-se às habituais arruadas quando se trata de ir a votos. E chega. O governo de Sócrates destes últimos anos foi o governo de esquerda mais à direita e nada fez para que as pessoas se sintam orgulhosas de pertencer a uma democracia. Talvez Alegre, com as suas ideias e a sua capacidade de imaginar um Portugal melhor, seja capaz de aglutinar à sua volta os votos das esquerdas. Veremos se o Partido Socialista o apoia. Se o não fizer, corre o risco de voltar a deixar a Presidência da República nas mãos do candidato das direitas.

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  2. Cavaco Silva, formalmente ainda não é candidato, mas já está em campanha para as Presidenciais, e a direita acompanha-o. Nas Esquerdas o Bloco foi o único a assumir publicamente e bem, o apoio a Manuel Alegre, e os outros? Para quando? O Futuro deve estar ontem/hoje em discussão, o novo Presidente da Republica, deve estar preocupado e trazer para o debate questões como desemprego, a economia, a crise social o endividamento a liberdade, sim a liberdade, porque enquanto houver dois milhões de pobres e mais de setecentos mil desempregados, metade destes sem receber qualquer rendimento, não há liberdade, a liberdade de escolher uma vida com o mínimo de dignidade. Manuel Alegre no tempo e no momento certo mostrou-se disponível a fazer esse debate. Por isso o argumento que ainda há tempo, não colhe o tempo é hoje e agora.

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